"Tentaram fazer de Aracaju um ponto para diminuir a vitória de Déda. E muitos, até dos nossos, caíram nessa armadilha", disse o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) sobre as críticas quanto ao resultado positivo nas eleições para João Alves Filho (DEM) e José Serra (PSDB) na capital sergipana. Na entrevista a seguir, concedida ao Universo Político.com em meio à ansiedade eleitoral da manhã do último domingo, dia 31, Edvaldo comenta sobre os últimos acontecimentos envolvendo seu nome: desde amigos de Edvaldo que votaram em Albano e resultado eleitoral em Aracaju, a repasses da prefeitura reivindicados pelo Hospital Cirurgia. O prefeito fala ainda sobre as cogitações para 2012 e diz que sua prioridade, no momento, é trabalhar pela cidade, em uma administração que, para ele, é a melhor da história aracajuana. "Sairei da prefeitura muito bem avaliado pela sociedade. Não tem um prefeito que realizou tantas obras como realizamos", diz ele. Veja:
Universo Político.com - Qual a sua expectativa para o resultado em Aracaju das eleições?
Edvaldo Nogueira - Nós fizemos um trabalho importante. Dilma foi vitoriosa em Sergipe no primeiro turno mesmo não tendo sido em Aracaju, onde acabou acontecendo o mesmo que ocorreu com o presidente Lula em 2006, que perdeu as eleições em Aracaju. Mas o que é claro é que a vitória de Dilma vai ser muito importante para Aracaju. E o que importa é que ela ganhe no país. Se ela ganhar em Aracaju e em Sergipe será ótimo. Mas, sobretudo, queremos a vitória dela nacional. Porque é preciso dar continuidade ao governo Lula. O Brasil nunca cresceu tanto. Nunca tivemos um momento tão importante de reconhecimento internacional. Um momento de crescimento econômico. De diminuição das desigualdades sociais. O Nordeste, até então, era secundarizado do ponto de vista econômico. Agora ele é o setor que mais cresce no Brasil. Nosso país chegou ao nível de menor desemprego da sua história. Vemos a expansão da universidade. A distribuição de renda. R$ 21 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza. Mais R$ 28 milhões mudaram da classe média e média-média, para média-alta. Então é preciso essa continuidade.
UP - Prefeito é notório, por suas palavras e por sua dedicação junto ao governador Marcelo Déda, seu empenho pela campanha dele e da Dilma Rousseff. O senhor considera, então, que sofreu uma perseguição, vista nas criticas à sua gestão depois que Aracaju não votou com o senhor, favorecendo Déda e Dilma?
E.N. - Bem, o próprio governador viu, no primeiro turno, que não foi o Município de Aracaju, a minha administração, que teve reflexo no resultado. Mesmo porque a eleição não era prefeito, era de governador. Quem estava sendo julgado era o governo do Estado. Do mesmo jeito para a eleição de Dilma para presidente. Eu acho que essa questão, na verdade, não passou de uma armadilha que foi usada pelo derrotados. E muitos, até dos nossos, caíram nessa armadilha. Tentaram fazer de Aracaju uma ponto para diminuir a vitória de Déda. Mas a vitória de Déda foi maravilhosa. Ele ganhou logo no primeiro turno. Elegeram-se dois senadores. De oito deputados federais elegemos sete. De vinte e quatro deputados estaduais elegemos dezesseis. Então foi uma vitória maravilhosa. Daí tentaram diminuir. Mas a sociedade sabe julgar. A cada dia mais as pessoas não se deixam iludir por conversa. Mas vamos continuar trabalhando. Obviamente que há muita coisa que precisamos corrigir e melhorar, mas, nos próximos dois anos, no caso eu, e nos próximos quatro anos de Déda, faremos mais e melhor por Aracaju e Sergipe.
UP - O senhor acredita que o incentivo do senhor à candidatura ao senado do deputado Albano Franco (PSDB), reconhecido pelo próprio Albano quando afirmou que o senhor não só estimulou sua candidatura, como também amigos seus votaram nele, prejudicou a campanha do grupo em Aracaju?
E.N. - Pessoalmente e politicamente tive minha opção e fiz minha parte. Todos sabem que votei nos senadores do grupo: Amorim e Valadares. Obviamente que eu tenho amigos como Fabiano Oliveira do PSDB, que me apoio na eleição e votou agora em Albano. Como muita gente que votou em outros senadores e escolheu outros candidatos na segunda opção. Essa eleição foi muito concorrida. E tem pessoas que são meus amigos e amigos de Albano, e por isso votaram nele. Qual o problema? Mas como político de grupo eu optei pelos candidatos do grupo.
Hospital CirurgiaUP - Sobre as questões administrativas da capital: recentemente a direção do Hospital Cirurgia reclamou da falta de repasse feito ao hospital por um atrito entre Secretarias do Estado e do Município, mas nos últimos dias, após um repasse efetuado pela Prefeitura, os reclames cessaram. Qual a perspectiva do senhor para que esse problema não tornar a acontecer?
E.N. - Em primeiro lugar a prefeitura nunca deixou de efetuar os repasses de obrigação. Isso é uma idéia errada. A prefeitura nunca atrasou um mês do Cirurgia.
UP - De acordo com técnicos da própria Secretaria da Saúde do Município, esses repasses reivindicados pelo Cirurgia correspondiam aos valores pagos por pacientes do Huse (Hospital de Urgência de Sergipe) que eram assistidos no Cirurgia, e não foram repassados por uma falta de controle desses pacientes. Não foi isso?
E.N. - Ai é outro problema. O que eu afirmo é que a Prefeitura de Aracaju nunca atrasou um mês do Cirurgia. Já repassamos este ano R$ 35 milhões ao Cirurgia. E o contrato que assinamos na última semana, liberando repasses, é o mesmo valor que era antes. A diferença é que era um contrato temporário porque ainda não tinha se chegado a um acordo sobre essas questões, o que é natural. Eu tenho que cuidar bem do dinheiro público. Tenho que discutir de forma circunstanciada os contratos. Como também o Cirurgia tem o seu papel de discutir e reivindicar. Mas até então, do ponto de vista jurídico, o contrato não podia ser realizado. A Procuradoria do Município alegava que não devia ser contrato, mas ser apenas convênio, até que se encontrou um entendimento para realizar o contrato. Então esse acordo seria assinado mais dia menos dia. Mas o problema da saúde pública é um problema em nível de Brasil. Porque foi o DEM e o PSDB que retiraram a CPMF e diminuíram milhões de financiamento na saúde pública. Temos problema em Aracaju e em Sergipe, e o governador já reconheceu isso: que os problemas não são de Aracaju somente, e são problemas estruturais que estamos trabalhando para resolvê-los.
UP - O senhor acha que a aprovação da emenda 29 (que determina o financiamento da saúde pelo Governo Federal aos Municípios), que ainda perdura no Congresso, seria mais fácil de administrar esses problemas?
E.N. - Sem dúvida. Já deveria ter sido aprovada. Já tem seis anos no Congresso e a saúde tem perdido recurso. O financiamento público da saúde é uma necessidade urgente. Com a quantidade de recursos repassados atualmente pelo Governo Federal não tem como a saúde melhorar.
UP - A queda do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) tem prejudicado também sua gestão e pode refletir nos próximos dois anos?
E.N. - Bem, graças ao rigor, a previsibilidade e a responsabilidade com que conduzimos os trabalhos a Prefeitura de Aracaju tem pagado suas contas em dias. Os salários estão em dias, já estou preparando o décimo dos servidores, não paralisei obras. Tudo está funcionando bem. Obviamente no calor eleitoral muita crítica vem. Mas cremos que temos feito o melhor trabalho de todos os tempos na Prefeitura de Aracaju, e a sociedade saberá reconhecer.
2012UP - Se o governador lhe pedisse hoje para indicar nomes para escolha de um candidato a seu sucessor, o senhor já teria estes nomes?
E.N. - Não, não. E acredito que ele não vai me perguntar tão cedo. Até porque, se ele me perguntar, não tenho um nome pra dizer. Essa é uma coisa que vocês jornalistas adoram de fazer, e sei que é importante e democrático perguntar sobre um tema que interessa a muitos, mas eu acho que seria irresponsabilidade minha ou de outro político do nosso grupo apontar esse nome agora. Ainda estamos findando uma eleição.
UP - Mas não são apenas os jornalistas que estão interessados nesse tema, lideranças de partidos aliados do senhor, como o PSB, por exemplo, que antes do período eleitoral já tocavam nesse assunto, hoje já apontam nomes que apresentarão ao grupo para escolha do candidato.
E.N. - Ai é natural. É direito deles. Mas em minha opinião acho temos que esperar o momento certo. Discutir isso agora é precipitação. A eleição de 2012 tem que ser tratada em 2012. Com a de 2010 foi tratada em 2010. Acho que é um desserviço à sociedade antecipar esse assunto. Obviamente a oposição também vai querer antecipar as coisas. Mas o povo não quer saber quem vai concorrer na próxima eleição. O povo quer saber se Déda vai trabalhar como governador, eu como prefeito e Dilma como presidente. E é com isso que eu vou me preocupar. No momento certo colocarei minha opinião.
UP - Quais os planos do político Edvaldo Nogueira para após o término do seu mandato?
E.N. - Pretendo terminar esses dois anos e esperar, já que não posso concorrer novamente à reeleição. Vou esperar. Não sou dos políticos que pensa em política como o fim da vida. Não sou daqueles que fazem qualquer coisa pra continuar na política. Ou daqueles que fazem qualquer coisa pra ganhar uma eleição. Não faço isso.
UP - Há políticos que fazem isso? Quem são eles?
E.N. - Há vários. Todos sabem que há muitos que fazem isso. Eu não faço. Então vou terminar meu mandato trabalhando. Sairei da prefeitura muito bem avaliado pela sociedade. Porque na história de Aracaju não tem um prefeito que realizou tantas obras como realizamos nos últimos anos e vamos fazer muito mais. Não penso no futuro agora. Penso agora somente em trabalhar para Aracaju. Melhor a saúde, o transporte... Fazer mais.
Texto: Universopolitico.com
Foto: Universopolitico.com
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