Mais uma vez o governador Marcelo Déda amarga uma derrota no Poder Legislativo. A estratégia do governador e da sua bancada não foi suficiente para convencer a maioria a aprovar os três projetos que autorizariam o governo a obter empréstimos em valor superior a R$ 727 milhões, disponibilizados pelo Governo Federal por meio do Proinveste.
Dois deputados da bancada governista estavam ausentes: Conceição Vieira (PT), por motivo de viagem, e Luiz Mitidieri (PSD), que está com problemas de saúde. A grande novidade da sessão foi a postura do deputado Adelson Barreto (PSB), que, embora magoado com o Governo, optou por sair do muro e votar favorável aos projetos.
A deputada Gorete Reis (DEM) se absteve em apenas um projeto. explicou ao Portal Infonet que votou contra a dois projeto, mas sua decisão em se abster ao que prevê a concessão de empréstimo no valor de R$ 400 milhões seria uma espécie de repúdio pelo fato do governo não ter incluído investimentos para obras de reforma do mercado de Lagarto. “Havia um compromisso de incluir a reforma do mercado, mas a partir do momento que não levaram em consideração esta importante obra, não tinha porquê votar no projeto”, justificou.
Embate
No início da sessão, antes dos projetos serem colocados em votação, o deputado Francisco Gualberto (PT), ex-líder do governo, fez um apelo à mesa diretora para adiar a votação até a próxima sessão [na quinta-feira, 6], mas não obteve êxito. Ao final da votação, Gualberto admitiu para o Portal Infonet que os deputados da base governista não sabiam que os projetos seriam colocados em pauta nesta quarta-feira, 5.
Ao constatar a derrota, a deputada Ana Lúcia Menezes (PT) tentou convencer a bancada oposicionista a mudar de opinião, assegurando que os anexos fariam uma exposição de todos os investimentos que seriam feitos pelo governo e que havia margem, em torno de R$ 35 milhões, para que os parlamentares pudessem apresentar sugestões e indicações de investimento. Mas os argumentos não foram convincentes.
O deputado Francisco Gualberto responsabilizou o senador Eduardo Amorim (PSC) pela derrota do governo na Assembleia Legislativa, gerando um clima de tensão com o deputado Gilmar Carvalho (PR). “O senador Amorim [Eduardo – PSC] deu um tiro no coração do desenvolvimento de Sergipe, o senador coordenou esta derrota”, considerou o parlamentar.
O deputado Gustinho Ribeiro (PSD), atual líder do governo, considerou a derrota como um “grande equívoco” da bancada de oposição. “Num futuro próximo, o povo sofrerá as consequências”, bradou o parlamentar. “Tentaram politizar um tema que não deveria ser politizado”, considerou.Com a derrota, o parlamentar pretende se reunir com o próprio governador Marcelo Déda e secretários de Estado para definir uma estratégia, que possam induzir do governo a apresentar novos projetos à Assembleia Legislativa que possam ser aprovados como alternativa ao Proinveste. “O governo deve avaliar nova estratégia para não continuar prejudicado com esta disputa política, que está sendo uma barbárie”, considerou.
Reação
O deputado Venâncio Fonseca (PP), líder da oposição na Assembleia Legislativa, não vê como derrota do governo nem também como vitória da oposição o resultado da votação ao Proinveste. “A oposição salvou Sergipe do endividamento, evitou que a futura geração pague”, considerou. “O que não queremos é o endividamento”, complementou, explicando que a Assembleia Legislativa já concedeu autorização para o governo contrair empréstimos que ultrapassam a casa de R$ 1 bilhão.
Ao contrário do que indica o deputado Francisco Gualberto, o senador Eduardo Amorim garante que não exerceu qualquer influência na decisão dos deputados estaduais quanto à votação do Proinveste. “Sou eu o responsável por Sergipe ser o sexto estado mais violento do país? Sou eu o responsável pela saúde de Sergipe que está em coma? A verdade é imutável e eu não vou responder de forma agressiva, não vou entrar nesta linguagem”, reagiu o senador, numa referência à postura de Gualberto, que o acusou de estar dando ‘um tiro no coração do desenvolvimento de Sergipe’. “Não houve ingerência de ninguém. Cada um [deputado] votou com sua consciência”, comentou.
O senador revelou que começou a analisar a saúde financeira do Estado e, neste levantamento, observou que o governo recebeu muitos recursos. “Foi dado ao governo um bilhão e cinquenta milhões de reais e quantos empregos foram gerados?”, questionou. “Percebi que o governo tomou tanto dinheiro emprestado e dá como garantia o FPE, que é a principal fonte de recursos para pagar o salário do servidor. Não é justo deixar para a futura geração pagar esta conta”, considerou.
O líder do governo na Assembleia, Gustinho Ribeiro garante que os empréstimos tomados pelo governo serviram para pagar dívidas de governos anteriores. “Este argumento não funciona. O argumento [pela rejeição dos projetos] é meramente político”, considerou.
Por Cássia Santana, do Portal Infonet.